Em 10 de abril de 1946, foi realizada a primeira eleição geral pós-guerra. Era também a última sob a constituição antiga. A Comissão de Assuntos do Extremo Oriente havia orientado o GHQ a prorrogar esta eleição até um maior enfraquecimento da classe ainda em poder, mas o GHQ a ignorou, pois, em primeiro lugar, percebeu que os partidos comunista e socialista estavam crescendo além da expectativa e, portanto, para abafá-los, permitiria que os partidos capitalistas mantivessem o poder; e em segundo lugar, ele já se antecipava na elaboração da nova constituição japonesa “expressa na liberdade do povo”. Esta eleição foi também a primeira em que as mulheres puderam participar ativamente.
No “Dia do Trabalho” do mesmo ano, 500000 pessoas se reuniram diante do palácio imperial, e mais de 2000000 em todo o país, pedindo a estabilidade econômica e maior democracia.
O GHQ (Quartel General americano) percebeu que o movimento popular havia assumido proporção muito maior que o desejado e começou a apoiar a corrente moderada. O Partido Comunista foi praticamente extinta, assim como o direito de expressão dos socialistas. Ichiro Hatoyama foi escolhido Premiê com o apoio dos liberais e progressistas, porém, foi cassado em 04 de maio com a ajuda das investigações de GHQ, sendo substituído por Shigueru Yoshida. O movimento popular se intensificou e, em 19 de maio 25000 pessoas cercaram a residência do Premiê, sendo reprimidas por tanques. Na mesma noite o General Douglas McCarthur ameaçou a população, demonstrando que a força da ocupação não estava do lado dos movimentos populares.
Na verdade o GHQ manipulava de um lado o governo constituído pelas tradicionais classes dominantes e do outro o povo e o movimento popular, a fim de fazer do Japão um aliado obediente aos EUA. A reestruturação do país, portanto, se fazia sob o interesse americano e sob pressão internacional antifascista representada pela Comissão de Assuntos do Extremo Oriente. Os americanos, ao contrário da Comissão que desejava uma completa democratização, começava a se esforçar na manutenção do “status quo”.
Em novembro de 1946 foi promulgada a nova Constituição, acompanhada da segunda etapa da reforma agrária, democratização do ensino, desmantelamento das indústrias bélicas, ampliação da cassação dos direitos políticos, etc.
A partir de maio de 1946, já se observava o apoio da força de ocupação à classe dominante, com várias restrições para os movimentos populares, através do governo Yoshida.
A eleição de 1947 formou um ministério misto de socialista, democrata e nacionalista, na tentativa de acalmar os ânimos do povo.
A força da ocupação já não se preocupava com a plena democratização, que abandonará por completo no ano seguinte.
Aqui convém entrarmos em maiores detalhes sobre a característica da Segunda Grande Guerra Mundial: Ao contrário da Primeira Guerra, desta vez, os países vencedores não podiam repartir e definir as áreas de influência. Havia, em primeiro lugar, maior conscientização dos povos dominados e a revolta contra todo e qualquer poder imperialista e as lutas pela independência se intensificaram após o conflito. Em segundo lugar, houve a socialização de muitos países que na década de 60 dominaria 1/3 de toda a população mundial. Em terceiro lugar, havia, mesmo em países capitalistas avançados como a Itália, a França e o Japão, participação política cada vez maior da classe trabalhista. Os meios de comunicação permitiam também contato cada vez mais freqüente entre os povos no consenso contra o imperialismo.
Dos países imperialistas somente os EUA cresciam no poder e na economia. Em março de 1947, o Presidente Truman discursou no Congresso americano afirmando que “ataques diretos e indiretos do totalitarismo ameaçam a segurança americana e as nações livres do mundo”, aludindo à guerra fria e ao ativismo dos países socialistas e às lutas pela libertação das colônias.
O tratamento dispensado ao Japão se modificou por completo com essa nova estratégia americana. Enquanto a China sob Shang Kai Shek parecia segura, os EUA viam no Japão somente um “paisinho” submisso, porém, ao perceber que a força popular do Japão era capaz de se mobilizar para provocar greves de grandes proporções e, ao visualizar a vitória do exército de libertação chinesa e o fracasso do domínio americano na China, a sua atitude para com os japoneses passou de "água para vinho"...
O discurso do Comandante Royal das Forças Armadas demonstra esta reviravolta. Ele pregava a necessidade de se construir uma nação estável e forte para confrontar as ameaças do totalitarismo no Extremo Oriente.
Seguindo essa diretriz, iniciou-se o processo da recuperação do capitalismo japonês simultaneamente com a recuperação da Europa, conhecida como Plano Marshall.
O plano de desmantelamento da indústria estratégica e bélica foi colocado de lado, e, nos fins de 1948, quando houve de fato a vitória do exército vermelho na China, os americanos já planejavam concretamente o rearmamento nipônico.
Intensificou-se todo e qualquer ação de intimação aos movimentos socializantes numa caçada incessante aos "vermelhos".
A esta altura (agosto/setembro de 1948) os EUA se preparavam para dominar a Coréia do Norte, comunista, atacando-a a partir da Coréia do Sul que se constituía em sua base avançada.
O Japão, naturalmente, se tornaria a sua base principal. Em junho de 1950, os EUA iniciaram a Guerra da Coréia e constituiu no Japão uma polícia de emergência, que era, na realidade, uma desculpa para o rearmamento, provocando novos protestos populares.
O Acordo de Paz Unilateral e o Acordo de Segurança EUA-Japão foram assinados em setembro de 1951 e garantiram a recuperação japonesa e a vitória do capitalismo japonês.
A demanda americana para a Guerra da Coréia fez com que o Japão recuperasse o nível produtivo de antes da Segunda Guerra ainda durante o ano de 1951 para ultrapassá-lo de forma extraordinária logo a seguir.
Em 1960 as indústrias pesada e química ultrapassaram o dobro da produção de 1955, impulsionando o Japão a 4º país do mundo, logo atrás dos EUA, Alemanha Ocidental e Inglaterra. O rearmamento após a criação do Exército da Defesa possibilitou a modernização das três forças armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) sendo considerado o mais eficiente entre os países capitalistas da Ásia. O nível educacional se aproximou dos EUA e Rússia, e a população alcançou os 100 milhões, com o ensino obrigatório de 9 anos com praticamente 100% de atendimento, dos quais 70% prosseguem em cursos mais avançados.
Politicamente, porém, ainda hoje o Japão continua subordinado aos EUA, sustentando várias bases americanas no país, e na política internacional o seu papel é a de endossar as opiniões americanas...
Os problemas que o país começa a enfrentar a partir da virada do milênio não são simples tampouco: as crises econômicas, os vários escândalos econômicos e de corrupção, o envelhecimento da população, o crescimento demográfico negativo, a necessidade da importação da mão-de-obra estrangeira e o aumento da criminalidade (principalmente infantil) são assuntos que deverão ser enfrentados com muita criatividade.